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<div class="slide" id="slide10" data-slide="10">
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<article class="bigtext">
<div class="lead">Quatro estradas principais atravessam a Reserva de Biosfera Yasuní e servem às petroleiras: a via Auca, a via Maxus, a via Oxy (Edén Yuturi) e a via Petrobras. Segundo estimativas feitas através de análises geográficas, cada quilômetro de estrada aberta na floresta úmida tropical causa o desmatamento de 120 hectares.</div>
<h1>Via Auca</h1>
<p>Ao longo dos 130 km da via Auca, a atividade petrolífera marca sua presença e o dia a dia das pessoas. Esta estrada asfaltada começou a ser construída nos anos 70 pela Texaco, dentro das florestas úmidas tropicais dos territórios do povo waorani. Desde então, é a coluna vertebral da indústria do petróleo na província Orellana. Pela via Auca passam grandes caminhões carregados com novos tubos de oleodutos para substituir os velhos que já esgotaram sua vida útil e são sujeitos a vazamentos. A via Auca também facilitou o aumento da caça e da extração de madeira.</p>
<p>Ao sul da cidade de Francisco de Orellana, a via Auca percorre um caminho entre duas plataformas que queimam o gás que sai dos poços. Recentemente, instalaram-se equipamentos mais modernos para conseguir retirar o petróleo mais difícil destes campos. Com mais de 30 anos, eles estão perto do esgotamento. Ao longo da estrada podem ser vistas lagoas com águas poluídas pelo óleo, que formam um espelho negro.</p>
<p>De norte a sul, a via Auca atravessa as províncias Orellana e Pastaza. Sua parte final cruza uma região de comunidades waorani ao oeste da Reserva da Biosfera Yasuní. Hoje, ao redor da estrada há uma população de 11 mil colonos. Do lado leste dessa estrada, há comunidades próximas da fronteira do parque nacional, áreas também utilizadas pelos indígenas. A via Auca facilita o crescimento acelerado da população de migrantes, a qual vai transformando floresta em zona desmatada. Ao mesmo tempo, a indústria petrolífera segue furando o solo.</p>
<div class=""><img class="" style="width:800px;" src="img/lineas.jpg" alt="Linhas de Colonização">
<p class="legend"><b>Linhas de colonização:</b> Esta imagem de satélite mostra a forma como as estradas permitem o assentamento de pessoas e a devastação da floresta.</p>
</div>
<p>Ulvio Torres mora na comunidade Puma, a poucos metros de uma estrada que começa na via Auca. Ele chegou com sua família em 1979, atraído pela oferta de terra, feita pelo governo da época. Da mesma forma que os camponeses de Loja, Tungurahua, Bolívar e Manabí, que fugiam da seca em suas províncias, Ulvio encontrou uma terra hostil para a agricultura e um vizinho cruel: o petróleo. “Quando eu cheguei em 1979, a floresta era primária em todas as vias, os rios estavam limpos e abundantes em peixe. As pessoas eram mais saudáveis”, conta ele.</p>
<p>Tubos que transportam óleo ao longo da estrada passam em frente a sua terra. Ulvio diz que os vazamentos são recorrentes. Hoje, existe um pouco mais de controle, mas há dez anos, diz, as empresas petrolíferas chegavam a acusar os camponeses de provocar os vazamentos para obter indenizações. Segundo ele, as acusações eram falsas.</p>
<p>Ulvio é um dos poucos colonos que se dedica à agricultura, pois a grande maioria trabalha para as petroleiras. As pessoas contratadas para limpar vazamentos ganham cerca der 300 dólares por mês. Ulvio acredita que elas se expõem a graves doenças da pele, do estômago e a cânceres. “Tem gente que vai trabalhar em uma petroleira juntando petróleo [derramado], e eu disse a meus colegas que não façam isso, que assim como eles [as petroleiras] derramam, eles mesmos que limpem o petróleo. Mas as pessoas vão e terminam doentes”.</p>
<p>Ganhar 50 hectares de terra e, em troca, desmatar a metade, esta era a promessa do governo do Equador para atrair colonos para esta região da Amazônia. Essa política fez com que em pouco tempo os arredores da via Auca fossem desmatados. “Qualquer pessoa que anda pelo complexo de estradas secundárias no território da via Auca percebe que o desmatamento é muito elevado”, diz Eugenio Pappalardo, doutor em geografia humana que há oito anos realiza estudos sobre Yasuní. “A via Auca tem sido o vetor exploratório e produtivo da indústria de petróleo e simultaneamente da colonização agrícola desta área”.</p>
<p>De acordo com o relatório Biodiversity hotspots for conservation priorities (algo como “Prioridades de conservação em locais de grande biodiversidade”), publicado pela revista Nature, o sistema viário da estrada Auca está no 14º lugar entre as maiores frentes de desmatamento tropical e é um dos piores problemas de Yasuní.</p>
<div class="bigimage"><img style="width:800px;" src="img/paisajes/06_paisaje_full.jpg" alt="Foto: Carlos Pozo">
<p class="legend"><i>Foto: Carlos Pozo</i>
</div>
<h1>Estradas Secundárias</h1>
<p>Nas estradas secundárias que partem da via Auca a situação é similar: assentamentos humanos, agricultura, desmatamento, contaminação, vazamentos e a passagem constante de caminhões, máquinas e plataformas ligadas à atividade petrolífera. Dessas vias, a única que vai até o Parque Nacional Yasuní é a Pindo-Tobeta. Esta longa estrada secundária de quase 35 km chega até o lote 14 e atravessa o limite do parque, muito perto das cabeceiras do rio Tiputini.</p>
<p>Yasuní também convive desde 1994 com a via Maxus, uma estrada controlada pela companhia Repsol que adentra o parque nacional e o território waorani. Seus arredores sofrem da síndrome da floresta vazia: a mata parece relativamente bem, mas os animais já não estão lá. “Embora não haja desmatamento, as populações de animais estão entrando em colapso e isso nós medimos”, explica Esteban Suárez, cujo estudo sobre a caça e venda de carne silvestre mostrou a diminuição de espécies da fauna.</p>
<p>A via Maxus aumentou a caça comercial, pois facilita a entrada na floresta e o transporte dos animais até o mercado de Pompeya. A estrada se estendeu paulatinamente ao longo do lote 16 conforme novos poços foram abertos e passaram a produzir petróleo nesta região do parque.</p>
<p>Outra estrada é a via Oxy, construída pela companhia Occidental em 2003, e localizada no lote 15, explorado pela Petroamazonas, na zona de amortecimento do parque. A estrada é usada exclusivamente pela companhia para atividades ligadas à exploração de petróleo, como o trânsito dos seus funcionários. A via Oxy é fundamental para a atividade petrolífera, pois o lote 15 é o mais produtivo do Equador, com uma produção de 13 milhões de barris por ano.</p>
<p>Na margem sul do rio Napo está Chiro Isla, pequeno porto fluvial conectado a outra estrada, cuja construção foi iniciada pela Petrobras. Localizada ao leste da via Maxus, é a mais nova estrada neste território. Também chamada de via Petrobras, ela é combatida por grupos ambientalistas. Em 2007, eles festejaram quando o governo equatoriano suspendeu a licença ambiental para a sua construção por inconsistências entre o projeto e os objetivos de preservação. A Petrobras saiu de cena e a Petroamazonas (empresa petroleira estatal do Equador) retomou discretamente a obra. Em 2013, a via Petrobras alcançou 14,5 km e chegou à margem norte do rio Tiputini (limite do parque nacional). Tudo indica que ela servirá para operar os campos ITT.</p>
<p>A exploração do lote ITT faz temer a construção de novas estradas dentro do Parque Nacional Yasuní. O governo nega e diz que a movimentação de máquinas e transporte de pessoas será feita por via fluvial e por helicópteros. As autoridades dizem que não serão construídas novas vias, mas sim abertas “trilhas ecológicas”, que permitirão o controle das operações petroleiras. No lote 31, uma longa estrada de terra no meio da floresta é um exemplo deste conceito, como mostram <a href="http://es.mongabay.com/news/2013/es1112-yasuni-secret-oil-road-finer.html" target="_blank">fotos aéreas</a> feitas em agosto de 2012 por <a href="http://ivankphoto.com/" target="_blank">Iván Kashinsky</a> e <a href="http://www.karlagachet.com/" target="_blank">Karla Gachet</a> durante uma expedição da National Geographic.</p>
<p>Existe a possibilidade da construção de mais uma estrada, dessa vez no lote 43 – ITT, perto do campo de petróleo Ishpingo. Ela preocupa ambientalistas, pois ficaria próxima à zona intangível do Parque Nacional de Yasuní, onde vivem os indígenas isolados.</p>
</article>
<div class="gallery">
<h3>A Via Auca</h3>
<a href="img/via_auca/01_via_auca_full.jpg" class="fancybox" rel="via_auca" title="Morador da via Auca, Ovidio recolhe sementes da floresta para logo cultivá-las. Foto: Maricela Rivera">
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</a>
<a href="img/via_auca/02_via_auca_full.jpg" class="fancybox" rel="via_auca" title="A caça e a pesca são importantes fontes de proteínas para a população local de Yasuní. Foto: Martin R. Bustamante / www.biographica.com.ec">
<img src="img/via_auca/02_via_auca.jpg" alt="Clique para ampliar" title="Clique para ampliar" />
</a>
<a href="img/via_auca/03_via_auca_full.jpg" class="fancybox" rel="via_auca" title="Pompeya, nas margens do rio Napo, nos sábados se converte no lugar de comércio e intercâmbio de carne silvestre e produtos para o campo. Foto: Maricela Rivera">
<img src="img/via_auca/03_via_auca.jpg" alt="Clique para ampliar" title="Clique para ampliar" />
</a>
<a href="img/via_auca/04_via_auca_full.jpg" class="fancybox" rel="via_auca" title="Famílias fazem largas filas para comprar gás em botijão, que levarão até suas comunidades. Foto: Martin R. Bustamante/www.biographica.com.ec">
<img src="img/via_auca/04_via_auca.jpg" alt="Clique para ampliar" title="Clique para ampliar" />
</a>
<a href="img/via_auca/05_via_auca_full.jpg" class="fancybox" rel="via_auca" title="Na margem do rio Napo fica o ingresso à via petrolífera Maxus, que atravessa o Parque Nacional Yasuní. Foto: Alejandro Janeta">
<img src="img/via_auca/05_via_auca.jpg" alt="Clique para ampliar"
title="Clique para ampliar" /></a>
<a href="img/via_auca/06_via_auca_full.jpg" class="fancybox" rel="via_auca" title="As florestas perto das vias são desmatadas para dar lugar a pastos e outros cultivos. Foto: Maricela Rivera">
<img src="img/via_auca/06_via_auca.jpg" alt="Clique para ampliar" title="Clique para ampliar" />
</a>
<a href="img/via_auca/07_via_auca_full.jpg" class="fancybox" rel="via_auca" title="A via petrolífera Auca, construída nos anos 70, se estende ao longo do antigo território waorani. Foto: Martin R. Bustamante / www.biographica.com.ec">
<img src="img/via_auca/07_via_auca.jpg" alt="Clique para ampliar" title="Clique para ampliar" />
</a>
<a href="img/via_auca/08_via_auca_full.jpg" class="fancybox" rel="via_auca" title="A infraestrutura necessária para manter a atividade petrolífera gera uma forte pressão sobre a floresta e seus habitantes. Foto: Maricela Rivera">
<img src="img/via_auca/08_via_auca.jpg" alt="Clique para ampliar" title="Clique para ampliar" />
</a>
<a href="img/via_auca/09_via_auca_full.jpg" class="fancybox" rel="via_auca" title="Dentro da floresta, perto das comunidades assentadas na via Auca, funcionam poços e plataformas de petróleo. Foto: Maricela Rivera">
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</a>
<a href="img/via_auca/10_via_auca_full.jpg" class="fancybox" rel="via_auca" title="Resíduos da exploração petrolífera se infiltram em fontes de água e no solo. Foto: Maricela Rivera">
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</a>
</div>
</div>
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<span class="slideno">O Yasuní</span>
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